"Esse teatro é quase cinema, arte instantânea, que acontece na hora de ser vivenciada. Arte que se leva pra casa como potência. Imersão num universo que amplia horizontes."
Assistir à peça-filme Maya é uma experiência única. Fica reverberando a energia que emana se seu intenso conteúdo. Inúmeras foram as críticas tentando descrever essa vivência, somente em presença adquirida.
Segue uma síntese inspirada em expressões captadas aqui como leitura instigante a convocar adeptos e re-sensibilizar plateias.
Carlos Alberto Mattos relata um dos momentos mais belos como sendo o uso de luz e sombra, a essência mais pura do cinema, a tradução do cinema de Maya Deren: a mulher, a luz e o movimento, através da atriz e bailarina Patricia Niedermeier e sua forte presença cênica que trabalha numa linha difusa entre personagem e si mesma, utilizando material adequado a sua forma de atuar, impressionando com sua entrega à essa evocação de MAYA.
Marco Fialho reitera impressões sobre o espetáculo na figura de Patrícia, uma artista brilhante, sua inteireza contagiante, inebriante para quem participa como espectador do seu estar no palco. MAYA é antes de tudo um ritual, mas um ritual dominado pelo hibridismo de suas personagens maravilhosas, Maya Deren e Patricia Niedermeier.
Rodrigo Fonseca segue com pontual advertência: caso você ainda não tenha sido dragado pela força da natureza chamada Patricia Niedermeier num dos redemoinhos que a atriz cria saiba que o contágio será imediato. Sua inquietação gera transcendência coletiva e pavimenta a estrada híbrida que ela vem construindo com tijolos das artes cênicas, da Dança e Teatro.
Fabrício Duque - Vertentes do Cinema - vai às origens do que descreve como trans mídia para falar sobre a construção de um modelo que junta cinema, teatro, público, dança, balé moderno, música e cinefilia orgânica (aquela que busca a mais genuína da memória afetiva) a partir da paixão, arte em movimento e em processo. E cita as experiências anteriores realizadas pela dupla Patrícia-Cavi para chegarem à Maya Deren, (com a assessoria de Filippo Pitanga), e onde a proposta performer transcende a própria catarse numa cachoeira de emoções que dá vida própria ao roteiro de Joaquim Vicente não só para respeitar a essência da diretora ucraniana, mas para eternizá-la.
Essa é a magnitude das palavras que repito aqui por serem as que tocam o âmago do espetáculo MAYA. Em seu mergulho no tema das Pioneiras do Cinema, Fabrício traz todas as informações sobre Maya Deren que desencadeiam o tema do projeto.
"A peça também é uma homenagem a todas as cineastas Mulheres apagadas na história" declara Patrícia.
Quem foi Maya se transforma em quem é Maya Deren, diretora, teórica cinematográfica, coreógrafa, dançarina, poeta, escritora e fotógrafa. Seu primeiro filme "Meshes of the Afternoon", uma forte influência para os filmes de vanguarda dos anos 40 e 50, é reconhecido como um marco do cinema experimental. Entre 47 e 55 Maya filma rituais e danças vodu, no Haiti, com tamanha imersão participativa que chega a ser iniciada como sacerdotisa. Com uma obra estudada em escolas de arte, dança, literatura e cinema, o Instituto do Filme Americano cria em 85 o Prêmio Maya Deren que reconhece e valoriza o cinema independente.
Sobre Cavi:
Cavi Borges é diretor e produtor da Cavideo. Realizou mais de 350 filmes e ganhou mais de 200 prêmios. Atualmente tem realizado inúmeros eventos e ajudado na programação dos cinemas do Estação Net. Abriu o Espaço Cultural Cavideo em Laranjeiras com locadora e uma biblioteca de cinema gratuita.
Cavi Borges é uma grande referência do movimento independente de cinema no Rio de Janeiro produzindo filmes, mostras, eventos e encontros. Participa de workshops em Festivais de cinema brasileiros, também como convidado para juris. Ministra cursos e constantemente divulga o que acontece na cena artística e cinematográfica brasileira.